viernes, 30 de octubre de 2009

AO MEU PORTO ( I de V)






AO MEU PORTO




Escrever-te, ademais de intimidade, é o desejo de transmitir-te a divulgação dos meus sentimentos mais íntimos para contigo. É nas distâncias curtas donde se pode intuir o verdadeiro grau de afectuosidade e satisfação em tal vinculação.




Cada vez que nos fundimos num novo abraço sussurro timidamente, não mudes muito, não percas esse encanto que tanto te caracteriza. Estás longe de ser a cidade que me cativou quando, sendo um garoto, te atravessava a pé da Trindade à ponte de Dom Luís, mas, ao introduzir-me nas tuas ruelas estreitas, cheira-me a Porto, sabe-me a Ti.




Sem duvida que a distância une. Uma vez mais se faz latente esse vocábulo que tanto nos identifica, saudade. Para notar fortemente esse nobre sentimento, não é preciso chegar muito longe, mas sim sentir na ausência a presença.
Tive que ausentar-me para atrever-me a expressar-te aquilo que sinto, a querer-te muito mais. Como não vejo a mutação diária, noto muito mais a mudança a que foste submetida. Algumas vezes parece que tropeço com a minha infância, e noutras, que estou em um sitio totalmente desconhecido. Aprendi a valorizar o muito que tinha: agora toco-te e apalpo-te só de longe em longe!
Só são duas sílabas, mas como aferram. Cada qual leva dentro de si as imagens da sua infância, juventude, ou dos sonhos dourados; e, no fundo, uma predilecção pelo que realmente é seu, que faz com que se mantenha viva a imagem retida, fazendo-a tão formosa como outrora.








Claro que já não me impressionam os edifícios da avenida dos Aliados, nem as obras da câmara, assim como as dos correios; contrastando com a sumptuosidade das muitas igrejas, com os azulejos a brilhar nas suas fachadas e, em especial, a obra de Nasoni, pela que sempre senti uma grande atracção.




As pedras da rua deram passo ao asfalto, algumas árvores desapareceram, os jardins cobriram-se de cimento: menos mal que os edifícios têm melhor cara; os de granito perderam o óxido, e os outros o verdete. Todo portuense, sentir-se-á, como eu, tão orgulhoso de Ti, de como te fazes grande com os anos, ainda que sejas um pouco menos nossa.





O coração do velho Porto não envelhece, de sabor castiço, donde quase não entra o sol, mas tu sim brilhas com luz própria.




Faço incursões para embeber-me do teu sabor; Cordoaria, Barredo, Vitoria, Ribeira... pressinto-te em cada esquina, tudo cheira a Ti.






Ao atravessar o coração dum velho Bairro, paro para contrastar, a imagem de como te conheci, com a de como te vejo: alucinante! Por um lado, o abandono a que chegaste, e, pelo outro, o muito que progrediste.







Quantas vezes, depois de tanto vagabundear por ruas e praças, experimentei por breves momentos uma ligeira inquietude, o desejoso de chegar a casa para poder plasmar no papel as vibrações percebidas naquele deambular entre ruas e vielas. Talvez uma visão? Um cheiro? Pura quimera! Mas sim a obsessão por entesourar tudo o que é teu.





Esta é a primeira de cinco entregas de "O MEU PORTO".
Este textro está protegido no Registo General de la Propiedad Intelectual, com o Número de Aciento Registral 09/2008/1801

viernes, 16 de octubre de 2009

125 ANIVERSARIO ESCOLA INFANTE D. ENRIQUE



A centenária «Escola do Infante», uma instituição que assistiu às vicissitudes da fase inicial do lançamento do ensino técnico em Portugal, que viveu a última fase da Monarquia, o período da República e do Estado Nova, após o 25 de Abril de 1974 na constante busca de caminhos novos para o ensino técnico no século XXI, constitui uma fonte preciosa de ensinamentos, pelo que vale a pena meditar sobre o seu passado.








A Escola foi criada por um decreto de Janeiro de 1884 do ministro António Augusto de Aguiar, com o nome de Escola de Desenho Industrial de Vilar. Então ficado instalada no antigo Circo do Palácio de Cristal, anexa ao Museu Comercial e Industrial que ali existia. A 5 de Dezembro, desse ano, recebeu o nome do Infante D. Henrique, que manteve até hoje.
O interesse pelas prelecções aos cursos ali ministrados foi tal que, em Junho do ano seguinte, concorreram mais de meio milhar de jovens, sendo dez do sexo feminino. As limitadas instalações não permitiam absorver tantos pretendentes, havia que actuar.
A formação técnica que seguia em grande apogeu levou, dois anos mais tarde, a que o ministro Emílio Navarro desse inicio à criação duma formula com. os princípios básicos dum ensino de carácter prático, acompanhado de um trabalho manual apropriado às necessidades de cada especialidade.
De acordo com um esboço histórico do estabelecimento, em 1891, a organização de João Franco transforma-a conjuntamente numa escola Industrial completa, onde se ministra um ensino primário elementar, com desenho e trabalho manual educativo, e um curso geral complementar, preparatório para os institutos comerciais e industriais. Todas as reformas desde então implementadas pelo Poder Central atingem, desde logo, este estabelecimento de ensino que, no seu ramo, se converte paulatinamente numa das mais prestigiadas do país.
Para além do Desenho, vão-se implementando cursos de Lavores Femininas (1892), Artes Gráficas (1922), Prático-Electricista (1924) e Condutor de Automóveis (1925). Mais tarde Construção Civil, Química, Têxtil, e Radiotécnica.
Depois das instalações no Palácio de Cristal, a Escola Industrial do Infante D. Henrique transferiu-se para um edifício fronteiro ao Jardim da Cordoaria, contíguo à igreja do Calvário. Posteriormente, em Outubro de 1933, para as instalações que ainda hoje ocupa.
























Professores ilustres, e os que o não foram tanto, deram a este centro de estudo o prestigio merecido. Inesquecíveis os nomes de José Amador, Pinto da Silva, Pedro Homem de Melo, Paulino, “Carrapato”, “Electrão”, os Mestres Martins; assim como outros que a minha mente se nega em recordar.














Hoje posso afirmar com contundência que muito daquilo que sei aprendi-o ali, no Infante: do que me sinto orgulhoso.




Hoje




Aquela Rua da Torrinha!!!




Comemorações...


I